Não sendo de excluir que tenha existido no local alguma fortificação anterior, o castelo medieval foi edificado no início do século XIV por D. Dinis que fundou a vila e instituiu o concelho, atribuindo-lhe carta de foral.
A ter existido alguma construção defensiva anterior, tratar-se-ía de um pequeno castelo ou torre de configuração quadrangular, semelhante a outras construídas sob o domínio muçulmano. Não existem porém, nem vestígios arqueológicos, nem fontes documentais que sustentem tal suposição.
O castelo de Ouguela, construído no cimo dum outeiro à cota de 259 m de altitude, a 3 km da fronteira, é de planta hexagonal irregular; quase uma meia elipse com o extremo apontado para Leste. A entrada no castelo faz-se por uma porta virada a Norte, constituída por duas torres emparelhadas ligadas por arco de volta perfeita. A porta é de arco quebrado, com sistema para grade.
As muralhas medievais foram muito transformadas pelas obras setecentistas que deram ao castelo o seu actual perfil. Além das fortificações seiscentistas com escarpas, parapeitos e revelins, apenas subsistem alguns panos de muralha e torreões do castelo medieval.
O núcleo habitacional é setecentista. No interior, logo à entrada, há três casas que alojariam a governação da Praça. O casario, situado na praça central, compreende os antigos quartéis. No lado leste há um torreão junto do qual ficavam as habitações dos familiares dos militares. Existem vestígios da Casa da Câmara que teria dois pisos, como a Casa do Governador, que se localizava a Oeste, voltada para o largo, encostada ao interior da muralha, junto à Torre de Menagem.
A partir da porta de entrada e no sentido dos ponteiros do relógio, temos: panos de muralha interrompidos por torreões rectangulares e pelos restos dum torreão rectangular de ângulo. O adarve está completo tendo, em ambos os lados, muretes de protecção. As ameias das torres e das muralhas foram substituídas por plataformas sem canhoeiras, permitindo disparar por cima do parapeito. Existem canhoeiras, na torre de menagem e num meio baluarte frente à porta.
No sector ocidental existe uma construção em meia-lua, de braços compridos, com dois meios baluartes.
A sul da antiga torre de menagem há um muro com sete seteiras e, no sector noroeste, a Igreja de Nossa Senhora da Graça, de fachada em empena, portal de verga recta e óculo. Uma das torres da cerca foi aproveitada para torre sineira. A toda a volta da fortaleza há o caminho de ronda.
O castelo de Ouguela, situado perto da fronteira com Espanha, foi importante na defesa de um dos pontos da fronteira de Portugal mais expostos à invasão por exércitos vindos de Espanha. O corredor formado pelas terras banhadas pelos rios Caia e Xévora – rios de fraco caudal na maior parte do ano, correndo em terras predominantemente planas, e por parte do curso médio do Guadiana –, constituía uma zona que exigia grandes cuidados defensivos e, por isso, foi dotada de um arco defensivo constituído pelas fortalezas de Ouguela, Campo Maior, Elvas, Juromenha e Olivença, defendendo a linha de infiltração que, partindo de Badajoz, constituía um dos principais corredores penetrantes para a invasão de Portugal.
O castelo de Ouguela foi construído – ou recuperado e aumentado – pelo rei D. Dinis, o grande obreiro da construção das vilas e castelos na fronteira de Portugal.
Tem uma robusta muralha reforçada por vários torreões distribuídos pelo seu perímetro em meados do século XVII, no contexto da Guerra da Restauração, constituindo um exemplo característico das praças-fortes fronteiriças das regiões de planície.
in, A Antiga Vila de Ouguela – Elementos para a sua história, de Francisco Galego, Campo Maior, 2014
Arquitectura militar, medieval e moderna. Castelo estratégico de detenção, em relevo, orientado, com cubelo de secção ultra-semicircular e sobreposição de fortaleza abaluartada, rasante. Exemplo característico das praças fortes fronteiriças das regiões de planície, com sistema abaluartado determinado pela artilharia pirobalística. O grosso das muralhas medievais foi muito transformado pelas obras setecentistas que lhe conferiram o perfil actual. Estruturas do núcleo habitacional setecentista. Fazia parte da 1.º linha defensiva do Alentejo, com as Fortificações de Elvas, Campo Maior, Olivença e Juromenha.
Fonte: SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico

